" Não posso ficar, nem mais um minuto com você... Sinto muito amor, mas não pode ser. Moro, em Jaçanã. Se eu perder esse trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã! "
Eternizada na música Trem das Onze -Que nunca existiu nas estações terminais da linha, somente da estação anterior, Vila Mazzei, que partia exatamente às 22h59 em direção ao Jaçanã- composta por Adoniran Barbosa, um dos ícones musicais paulistas, o Tramway da Cantareira não sobreviveu à expansão feroz da cidade e nem de seus automóveis.
A ferrovia que já ligou São Paulo à Guarulhos, caminho caótico atualmente entre as duas grandes cidades na região metropolitana, já teve uma conexão -também nem tão eficiente- por trilhos. Em tempos de expansão da rede metropolitana de trens, a futura Linha 13 da CPTM vem cumprir uma função que o antigo "Trem das Onze" já o fazia, ligar as proximidades do Aeroporto de Guarulhos, à São Paulo. Só que dessa vez, à zona leste da capital Paulista.

Devido ao aumento populacional que ocorria na época, além da existência
de casas de veraneio na região, muito "próximo à natureza" conforme
muitas vezes anunciado, atraía cada vez mais usuários para a ferrovia, até
então voltada para o transporte de carga e com a bitola (espaço entre trilhos)
de 0.60m, assim como a Estrada de Ferro Perus-Pirapora.
Sua utilização para passageiros começou principalmente aos finais de
semana e feriados, para acessar as áreas de preservação com mais facilidade,
depois ampliando para um transporte diário de passageiros.
Seu traçado original partia da região do Mercado Municipal, na estação
Tamanduateí e se dirigia ao norte, em dois ramais que se dividiam no atual
Parque da Juventude, em direção ao Reservatório com outra subdivisão para o
Horto -ambos na serra da Cantareira- e para a Base Aérea de Guarulhos, seguindo
um traçado que lembra muito ao da Linha 1-Azul do Metrô atualmente (Jardim São
Paulo, Parada Inglesa e Tucuruvi).

Com o declínio das ferrovias em um cenário nacional, a linha foi desativada
na metade da década de 1960, sob as desculpas de precariedade no atendimento,
limitações nas melhorias devido ao traçado e abandonou, após o alargamento de
bitola, um projeto que previa a eletrificação da ferrovia e da inserção de
trens unidade elétrico (Semelhante aos trens da FEPASA) no sistema, onde substituiriam as locomotivas que rebocavam os carros, que por sua vez, substituíram
as máquinas a vapor.

Seu maquinário, não teve a mesma sorte. Atualmente, somente duas locomotivas sob a identificação 1 e 2, encontram-se na Estrada de Ferro Perus-Pirapora aguardando restauro. Só foram preservadas por terem sido vendidas para E.F.P.P., no momento em que a Cantareira deixou de utilizar a “bitolinha”.
Podemos conferir no vídeo a seguir, uma reportagem sobre o alargamento
da bitola na ferrovia.
A história, preservada ao "melhor estilo brasileiro", de passar por cima de tudo em nome do progresso é pouca, mas é de extrema importância para entender o crescimento e a expansão da cidade e seus sistemas de transporte.
Bem lembrado!
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